31 outubro 2008

Livros da vida


Maria Filomena Mónica escolhe nove livros da sua vida...

As Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain, lido, em português, numa adaptação da Portugália. Durante um Verão, aos 13 anos, sonhei transformar-me naquele rapazinho rebelde, vivendo perto de um rio chamado Mississípi.

O Monte dos Vendavais, de Emily Brontë, (de que há uma tradução portuguesa na Relógio d’Água), uma obra sobre a qual tão profundamente meditei que ia dando cabo da minha vida: identifiquei-me com Catherine, a criatura que se apaixona pelo malvado Heathcliff.

George Orwell, o das reportagens, como The Road to Wigan Pier (sobre a vida nas comunidades mineiras do Lancashire e Yorkshire nos anos 30) e o do jornalismo: considero Politics and the English Language um dos ensaios mais lúcidos jamais publicados. (Está acessível em português, na excelente tradução de Desidério Murcho, em Por Que Escrevo e Outros Ensaios, da Antígona.) É o amor de Orwell pela liberdade e o estilo da sua prosa que me interessam.

Da Democracia na América, de Alexis de Tocqueville. Ninguém, como ele, apontou as fraquezas e as forças da democracia; ninguém, como ele, teve a percepção do que um governo democrático pode conseguir ou pôr em perigo; ninguém, como ele, entendeu o dilema entre a igualdade e a liberdade. (Existe uma óptima tradução de Miguel Serras Pereira na Relógio d’Água.)

Pais e Filhos, de Ivan Turgueniev, pela construção, pelo estilo, pela concisão, pelas personagens, pela análise de uma sociedade em transição. (Há uma tradução portuguesa na Relógio d’Água.)

O 18 Brumário de Luís Bonaparte, que mostra como, além de panfletário, economista e pensador utópico, Karl Marx podia ser um grande historiador, capaz de, em cima do acontecimento – o golpe de Estado de 2 de Dezembro de 1851 – analisar as suas causas.

Os Maias, de Eça de Queirós, porque revolucionou a prosa portuguesa. É preciso não esquecer também o seu jornalismo, de que destaco a análise feita sobre o Ultimatum de 1890, intitulada «Novos Factores da Política Portuguesa». (Pode ser lida na colectânea que organizei para a editora Principia, intitulada Eça de Queirós, Jornalista.)

O Livro de Cesário Verde, que me devolveu o gosto por ler poesia em português.

(Texto publicado na edição de Outubro da revista LER)

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