30 setembro 2011

DESCOBERTA da SEMANA - "SORTELHA"



Localização 40° 19' 53" N 7° 12' 41" O
País Portugal
Distrito Guarda
Concelho Sabugal
Área (Freguesia) 25,27 km2
População (2001) 90 Hab
Densidade Populacional 3,6/km2

Sortelha é a mais bela das aldeias históricas do distrito da Guarda. Sortelha, no Sabugal, é um minúsculo povoado de traça medieval, empoleirado numa encosta de grande altura, donde se avistam, a partir das suas muralhas, muitos dos castelos da raia. Tirando um modesto pelourinho, não há na pequena aldeia nem monumentos nem vestígios de passado fidalgo - só a singeleza das suas casas de pastor,, muitas das quais arruinadas. Os anos que não foram generosos - economicamente pelo menos - para Sortelha, tiveram pelo menos o efeito de afastar do interior do perímetro das muralhas as casas apalaçadas e outros luxos das décadas de 60 e 70. As minúsculas casas de granito que se espalham por uma calçada irregular, sem pingo de alcatrão, oferecem por isso uma visão única. A paisagem humana é, também, desértica. Alguns, poucos, velhos, habitam o interior das muralhas. O resto são casas de férias recuperadas e fechadas a maior parte do ano. Todavia, é possível alugar algumas destas casas para passar uns dias, e em matéria de comeres a aldeia não trai as tradições beirãs: enchidos regionais, ensopado de javali ou cabrito, no restaurante local, prometem satisfazer os mais exigentes. De todas as aldeias históricas, Sortelha será provavelmente a que melhor escapou à voragem do tempo. Nos próximos anos se verá como resiste ao turismo.

A ocupação desta região teve início no século XII - XIII. A sua localização privilegiada resulta de uma opção estratégica, por forma a dominar toda a região envolvente. Ao longo dos séculos a estrutura defensiva sofreu diversas reparações e melhoramentos. D. Dinis, D. Fernando e D. Manuel foram os impulsionadores destes melhoramentos, tendo este último concedido o foral a Sortelha e construiu o pelourinho
Sortelha dista 14 km do Sabugal e fazem parte desta freguesia as povoações anexas de: Azenha, Caldeirinha, Dirão da Rua, Quarta-Feira e Vale da Escaleira. Situa-se num esporão granítico dominante, entre o cabeço de São Cornélio e a Serra da Opa, a uma altitude máxima de 786 m.

A sua privilegiada localização resulta de uma escolha estratégica no intuito de dominar todo o espaço envolvente e, deste modo, vigiar e prevenir as invasões inimigas.

O topónimo da povoação está envolto nalguma controvérsia., uma vez que competentes filólogos divergem quanto à sua denominação. Mas, o que parece não originar dúvida é que o topónimo Sortelha está relacionado com a palavra anel, tendo as muralhas a forma de um anel.

Esta aldeia histórica é uma das mais antigas povoações do país. Desenvolveu-se a partir de uma ocupação que teve início no século XII-XIII, possivelmente a partir de 1181, época em que D. Sancho I promove o repovoamento. D. Sancho II concede-lhe o foral em 1228 e promove a edificação do castelo. Foi sede de concelho até 1855, em cujo ano passou a fazer parte do concelho do Sabugal.

Por esta freguesia passaram muitas figuras históricas que influenciaram a história e a vida dos habitantes de Sortelha, entre as quais podemos destacar, D. Sancho I, D. Sancho II, D. Dinis, D. Manuel, D. Luís da Silveira (Guarda mor de D. João III) – 1º Conde de Sortelha, D. Diogo da Silveira - 2º Conde de Sortelha, e D. Luís da Silveira (Guarda mor de Filipe I de Portugal e II de Espanha) - 3º e último Conde de Sortelha.
adaptado de : http://www.sortelha.sabugal.pt/

Lenda da Aldeia Histórica de Sortelha

“O Beijo Eterno”
Junto à Entrada da porta principal da fortaleza de Sortelha, do lado esquerdo, existe um conjunto de dois pedregulhos que quase se tocam. A imagem destas duas pedras gigantes deu origem à lenda do “Beijo Eterno” e à explicação da origem da aldeia próxima do Casteleiro.


Conta-se que no início da Reconquista, quando cristãos e mouros avançavam e recuavam ao sabor da sorte das armas, Sortelha sofreu um rigoroso cerco pelas tropas sarracenas, que a todo o custo queriam recuperar aquele ponto estratégico.
No castelo vivia o alcaide, homem forte e valoroso, a sua mulher, que todos diziam possuir poderes mágicos, e uma filha, donzela casta e formosa.
O cerco terá durado tanto tempo que a pobre rapariga farta de não poder sair do castelo, se entretinha a espreitar do alto das muralhas o movimento no acampamento das tropas inimigas. Cedo, começou a reparar no garboso príncipe árabe que comandava aquele exército. Ao princípio ria-se da sua roupa esquisita e dos seus costumes tão diferentes dos seus. Mas, com o tempo, começou a sentir que o coração batia mais depressa quando o via passar montado no seu belo cavalo. O tempo foi passando até que um dia, durante um reconhecimento à volta da muralha, o príncipe a viu com os seus cabelos soltos a brilhar ao sol. Ficou sem fôlego. Nunca tinha visto uma beleza assim. Por sinais e gestos foram-se comunicando, às escondidas de todos. Com a conivência de alguns soldados do castelo e a coberto da noite o príncipe começou a deixar-lhe pequenos presentes na muralha onde se costumavam ver e que ela ao outro dia retribuía. Aos poucos o amor foi crescendo e cada vez era maior a vontade de ambos, de se encontrarem.
A mãe da menina, entretanto andava muito desconfiada de que qualquer coisa estranha se passava. Primeiro, a filha antes tão triste e tão calada, tinha agora o rosto iluminado por uma luz nova e por diversas vezes a surpreendera a cantar sem prestar atenção ao pano que bordava no bastidor. Ainda pensou que era apenas a chegada da Primavera e o desabrochar da juventude. Mas quando viu nos seus olhos o horror estampado, ao falar-lhe do gosto que ela e o pai tinham no seu casamento com o filho do alcaide do Sabugal, percebeu que o caso era bem mais sério.
Começou a vigiá-la. Mas a menina era tão cuidadosa que nos dias seguintes a mãe não conseguiu tirar a história a limpo. Entretanto, o príncipe tinha subornado os três soldados que estavam a par do romance para deixarem sair a menina, quando ficassem os três de sentinela às portas do castelo. O tão esperado dia chegou. E quando depois da ceia a menina se quis recolher mais cedo a pretexto de uma dor de cabeça, a mãe teve a certeza de que qualquer coisa ia acontecer nessa noite. Sem querer alertar o marido, deitou-se ao lado dele como sempre mas não adormeceu.
De madrugada teve a sensação de que ouvira um ruído. De mansinho levantou-se, vestiu-se e foi ao quarto da filha. Estava vazio. Desesperada correu para o alto da torre. Lá de cima tudo parecia calmo. No entanto depois de habituar os olhos à escuridão viu que qualquer coisa mexia mesmo por baixo do sítio onde estava. De repente as nuvens descobriram a lua e a mãe estupefacta viu a menina nos braços do príncipe árabe, beijando-o. Num terrível acesso de raiva, a mãe desencadeou um tal poder que de imediato os dois amantes desapareceram. Quando o sol se levantou, descobriu-se com espanto que no local onde eles se tinham encontrado, estavam agora dois barrocos como que se beijando eternamente.
Os mouros quando se aperceberam de que o seu chefe desaparecera misteriosamente durante a noite, levantaram o cerco e foram-se embora. Quanto ao pobre alcaide, além de ter descoberto que estava casado com uma feiticeira, coisa que na época não era muito bem vista, ficara sem a filha que tanto amava. Resolveu então pedir ao rei que o substituísse no cargo e refugiou-se com a mulher numas terras que tinha no vale, dando origem ao lugar do Casteleiro.
in «Aldeias Históricas», de Margarida Magalhães Ramalho

Sites:
http://www.sortelha.sabugal.pt/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1 Junta de freguesia de Sortelha
http://pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Sortelha Castelo de Sortelha
http://nabais.org/casteleiro/
http://vamossalvarsortelha.blogspot.com/ SALVAR SORTELHA DAS TORRES EóLICAS
http://capeiaarraiana.wordpress.com/category/freguesias-e-anexas/sortelha/

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